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Novo Ensino Médio: a visão integrada do conteúdo

Conversamos com Noemih Sá Oliveira, do Sistema Mackenzie de Ensino, a respeito das principais mudanças com o novo Ensino Médio e como se adaptar a esse novo momento.



O Novo Ensino Médio já é uma realidade. Apesar disso, algumas dúvidas ainda persistem. A Revista Veredas conversou com Noemih Sá Oliveira, coordenadora pedagógica do Sistema de Mackenzie de Ensino (SME), para abordarmos o tema.


O que é o Novo Ensino Médio?


Noemih: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), em seu artigo 35-A, parágrafo 7º, estabeleceu que os “currículos do Ensino Médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu Projeto de Vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais”. O desdobramento do que foi estabelecido em lei foi a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio, organizada em duas dimensões: a Formação Geral Básica e os Itinerários Formativos. Trata-se, portanto, de realizar a proposta da BNCC para o Ensino Médio: ou seja, passarmos de um currículo fixo para um currículo com parte fixa e parte flexível, nessas dimensões de Formação Geral Básica (FGB) e Itinerário Formativo (IF), com distribuição de carga horária em cada uma delas.


O Novo Ensino Médio prevê os itinerários formativos. O que são e como deverão funcionar?


Noemih: Os Itinerários Formativos são a parte mais flexível do currículo do Ensino Médio. Eles podem ser de aprofundamento acadêmico, técnicos ou profissionalizantes. Os itinerários formativos estão organizados em eixos determinados na portaria nº 1.432/18:

  • Investigação Científica;

  • Processos Criativos;

  • Mediação e Intervenção Sociocultural;

  • Empreendedorismo.


Algumas escolas irão trabalhar os itinerários com cursos técnicos, outras irão focar na preparação para o ENEM e, ainda, outras terão como foco o desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais. Para as escolas cristãs, que em sua maioria são escolas de porte pequeno ou médio, quais podem ser as melhores escolhas para os itinerários formativos?


Noemih: Na visão de educação cristã do Mackenzie, o conteúdo do processo de ensino-aprendizagem diz respeito aos dados da realidade, interpretados à luz da visão cristã de mundo. Ou seja, no Mackenzie, o professor precisa ter em mente que o conteúdo curricular precisa traduzir pedagogicamente os dados da realidade, sabendo que qualquer afirmação sobre esses dados é sempre interpretada. Portanto, no projeto pedagógico do Mackenzie, o fundamento para a interpretação da realidade são os princípios de criação-queda-redenção.


Ainda entendemos que o ensino e a aprendizagem dos dados da realidade, tendo por base a cosmovisão cristã, promovem melhor entendimento e domínio da criação e, portanto, melhor desempenho no serviço que prestamos uns aos outros. Essa visão de conteúdo curricular é integrada porque entendemos que todos os dados da realidade foram criados por Deus e que o ensino-aprendizagem desses dados da realidade promove não apenas desenvolvimento cognitivo, mas também o ético e o físico.


Assim, a educação cristã do Mackenzie consegue desenvolver muito bem cursos para itinerários formativos. Algumas de nossas unidades têm desenvolvido cursos técnicos, a maior parte das unidades têm desenvolvido projetos para que os alunos coloquem em prática suas habilidades, e todas sempre mantêm um trabalho preparatório para cursos admissionais com resultados consistentes. Tudo isso é desenvolvido a partir de um ensino de excelência, com um trabalho de aprofundamento acadêmico que é a base para os demais trabalhos.


Como as escolas cristãs deverão se preparar para a implantação do Novo Ensino Médio?

Noemih: Além de fórum para o compartilhamento de estudos e implantação de projetos-pilotos, este é um momento muito importante para que as escolas fortaleçam seu projeto pedagógico curricular ou projeto político-pedagógico.


O que a BNCC traz é, primeiramente, uma solicitação de ajuste desse documento, reapresentando-o às secretarias de modo a atender, sobretudo, às aprendizagens essenciais da Base. Mas, é vital que não nos esqueçamos, neste momento, como comunidade de escolas cristãs, que a BNCC é uma base para currículo. Ela não é o currículo. O currículo deve representar a visão e missão da escola e deve mostrar como as aprendizagens essenciais da Base estão contempladas no arranjo curricular proposto pelas escolas.


O que o Sistema Mackenzie de Ensino está prevendo para essa implantação e o que as escolas poderão esperar de material e apoio do SME?


Noemih: Para implementação do Ensino Médio em cumprimento à BNCC, o Sistema Mackenzie de Ensino desenvolveu os Sistemas de Ensino Mackenzie na Prática, um material com o passo a passo dos estudos de implantação realizados pelo Instituto, com tudo aquilo que conseguimos organizar para oferecer para toda a rede de nossas escolas. Em cima desse material, temos lives e capacitações pedagógicas para auxiliar os colégios nessa implantação.


Quanto ao material, os livros didáticos dos Sistemas de Ensino Mackenzie trazem objetos de conhecimento e uma sequência didática estruturadora das atividades escolares, tanto para a Formação Geral Básica quanto para as Trilhas de Aprofundamento Acadêmico. Os Sistemas de Ensino Mackenzie detalharam estruturas de planos de aula que beneficiem o uso do material didático dos Sistemas para a Formação Geral Básica. Também detalharam orientações para organizações de projetos para que, igualmente, os colégios parceiros dos Sistemas usem os materiais para as Trilhas de Aprofundamento Acadêmico.


Tanto as estruturas para planos de aulas para uso do material em Formação Geral Básica quanto as orientações para organização de projetos com uso do material em Trilhas de Aprofundamento Acadêmico consideram o detalhamento das habilidades dos documentos educacionais que o estudante desenvolverá em cada frente (habilidades da BNCC e da portaria 1432).


Os Sistemas de Ensino Mackenzie também oferecem eletivas que têm, como eixo unificador, a preparação dos estudantes para exames admissionais. Assim, todas as eletivas ofertadas compõem um programa preparatório para exames admissionais, conciliado ao trabalho de desenvolvimento de habilidades dos estudantes em cada eixo dos Itinerários Formativos.


No contexto do Novo Ensino Médio, está o Projeto de Vida. O que é o Projeto de Vida e como deve ser implantado? Como as escolas cristãs deverão trabalhá-lo?


Noemih: A visão dos Sistemas de Ensino Mackenzie a respeito do Projeto de Vida é de que cada colégio deve afirmar, em seu Projeto Pedagógico Curricular, sua missão e visão, posicionando, assim, para seus alunos e demais membros da comunidade escolar, o que, na visão do colégio, é o sentido da vida humana. Com base nessa visão e missão, cada colégio deve observar como, em seus currículos regulares, esse sentido de vida é afirmado na condução dos cursos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e, também, como é afirmado nos currículos de programas educacionais como o Projeto de Vida.


Os Sistemas de Ensino Mackenzie desenvolveram, para o Projeto de Vida, um material didático que apresenta uma base para professores e alunos trabalharem nesse curso, com, no mínimo, uma hora-aula semanal prevista. O objetivo dos Sistemas de Ensino, com o desenvolvimento desse material, é auxiliar as escolas a atenderem a quatro aspectos documentais importantes remetidos ao Projeto de Vida, a saber: orientação vocacional e profissional; definição e cumprimento de objetivos/metas; orientação aos estudantes na escolha de seus itinerários formativos; e monitoramento do desenvolvimento dos estudantes nos Itinerários Formativos (nas TAAC e eletivas).

 

Noemih Sá Oliveira


Graduada em Tradução (Inglês e Francês) e Licenciatura (Inglês e Português). Graduada em Pedagogia, pós-graduação em Formação de Escritores pela Escola Superior de Direito Constitucional. Atualmente cursa o Mestrado em Divindade do Centro de Graduação Andrew Jumper no Instituto Presbiteriano Mackenzie. Trabalha com educação escolar cristã, com os Sistemas de Ensino Mackenzie, desde 2009.


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