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A tristeza mata, o amor cura!

A cada dia, em nossa sociedade, assistimos cenas de tristeza e horror diante das atitudes que envolvem adolescentes e jovens. Sentimentos como insegurança, medo, angústia, baixa autoestima e desesperança invadem escolas, igrejas, clubes e até FAMÍLIAS. O que fazer frente à tão devastadora realidade?

Por Keila Dias Frassei

Primeiramente, para compreender esse movimento tão nocivo e complexo, será necessário olhar para a estrutura familiar que constitui a base na formação dessa geração. Já sabemos que o tempo de convivência é menor devido ao grande número de atividades que cada membro familiar experimenta. Também temos como coadjuvante nesse cenário a mídia, que ativa um número excessivo de informações todos os dias, capazes de despertar uma necessidade de possuir muitas coisas para que sentimentos de plenitude, alegria e conquista sejam de fato alcançados dentro de cada um de nós.


Sutilmente, as prioridades são trocadas, a ponto de desabilitar os pais como figuras de autoridade e, sem perceber, as campanhas publicitárias passam a ditar normas e padrões tão extremos para alcançar a tal felicidade que o adolescente vai sendo engolido a cada manhã por sua sensação de invisibilidade, estranhamento.


Como exemplo, incialmente, podemos pensar naqueles que podem comprar o que é trazido como sugestão de consumo (roupas, smartphones, viagens, festas) e caminham para uma busca infinita por comprar o poder de ser feliz. Mas, ainda assim, nada encontram, a não ser a sensação de vazio, tristeza.


Os menos abastados sofrem pelo desejo de possuir o que não é possível comprar, então se lançam em dívidas ou às vezes sucumbem o próprio eu, aceitando qualquer proposta que pareça dar-lhes o passaporte para essa tão desejada felicidade.


O que não podemos desconsiderar é a imaturidade ainda tão presente nessa faixa etária, que lhes tira o poder de avaliar por quais caminhos estão trilhando e entregando seus melhores anos.


Se tanto os abastados quanto os de pouca renda ficam insatisfeitos em seu íntimo, o que está faltando para essa geração?


Falta-lhes o que não se compra e nem pode ser adquirido com posição social ou dinheiro. Subtraíram-lhes o espaço do amor verdadeiro e da construção dos mais nobres sentimentos entre os quais cito: autoconfiança; autorrespeito; alegria; identidade; entre outros.


Nessa busca incessante por pertencer à um grupo ou ambiente que acolha e traga minimamente esses ingredientes de uma vida emocionalmente saudável, o adolescente desaba em suas próprias forças e, na maioria das vezes, cala suas emoções, podendo encontrar um atalho perigoso e cruel - as drogas e o álcool.

Esse é um movimento comum e, que hoje, atinge de forma direta tanto meninos quanto meninas numa busca por prazer e distração de seus reais motivos de sofrimento.


Há ainda os introspectivos que passam a mutilar o próprio corpo, cortando principalmente braços e pernas, esboçando desespero, medo e angústia por enfrentar uma vida que não reconhecem como deles, na qual toda a mobilidade de fato é destruída e a tristeza chega como uma forte aliada dessa dor profunda na alma que grita, como se dissesse: “Não aguento mais viver com esse estranhamento dentro do meu ser”.


Freud relata como melancolia esse quadro que identificamos como depressão, da seguinte forma: “A melancolia se caracteriza, em termos psíquicos, por um abatimento doloroso, uma cessação do interesse pelo mundo exterior, perda da capacidade de amar, inibição de toda atividade e diminuição da autoestima, que se expressa em recriminações e ofensas à própria pessoa e pode chegar a uma delirante expectativa de punição (Freud, 1915/2010, p. 128).


Os pais, atônitos, correm em busca de um atendimento emergencial que descortina a realidade e traz à tona capítulos anteriores da vida desse jovem e que não foram vividos de forma plena, então...


Culpa, medo, ansiedade, desespero e uma enorme sensação de impotência. As perguntas são inevitáveis:

- “Onde me distraí do meu filho?”;

- “Por que ele está tão infeliz?”;

- “O que fazer agora?”.


É uma corrida contra o tempo, pois a desesperança e a vontade de sucumbir são os maiores desejos desse adolescente frente à própria realidade.


Surge então, nessa rememoração da história e dos momentos importantes que pautaram essa preciosa vida, os períodos de mudança, solidão e medo que pareciam leves, porém, não foram assim vividos pelo filho e, consequentemente, hoje sofre de uma dor descomunal a ponto de não desejar viver mais.


Há um caminho que se abre frente a esse panorama tão cinza e que traz novamente a esperança e essa rota: o AMOR.


Não aquele de coraçõezinhos dos emojis, nem os que são enviados de forma grupal como um grande e apertado abraço pelas redes sociais; mas o de braços que envolvem e apertam com a certeza e a mensagem que estará junto em todos os momentos.


O próximo grande passo é o tempo para OUVIR os sentimentos desse adolescente, afinal, ele não consegue encontrar em si algo interessante e que possa ser prestigiado. Em sua concepção, ainda não atingiu nenhum dos objetivos que traçou, mas vive num círculo vicioso que o apavora e diz que sua situação real é não saber para onde vai.


Existe a necessidade de um médico especialista para avaliar a gravidade do quadro, por isso a necessidade de parceria com um psicólogo para ajudar com os passos dessa retomada da família diante do filho em sofrimento. Na sequência, vem a mudança de rotina, podendo incluir: novos horários na família; mudança de escola; aproximação de pessoas especiais. Todavia, a mais importante de todas as transformações é o espaço para entrar em contato com Deus.


Encontramos na palavra de Deus a base para essa nova realidade que pode ser construída com a conscientização de todos os que convivem com esse adolescente ferido, desanimado e muito infeliz.


Lemos em Salmos 16:11: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”.

Temos três lindas promessas de Deus para aqueles que dEle se aproximam, isso constitui a chave de uma vida novamente com significado e esperança:


1 - Caminhos da vida

Aquilo que chamamos de significado, razão e motivos, necessariamente, encontramos nessa aproximação da figura de Deus que acolhe e orienta sobre todas as áreas de nossa vida e enche o coração de paz.


2 - Plenitude de Alegria

Não mais medo, não mais cenário cinza, mas o sentimento de alegria que brota naturalmente através do amor que é recebido diariamente de Deus. As mínimas ou máximas situações são transformadas e experimentadas pelo adolescente ou jovem que agora sabe seu valor e encontra motivos para sorrir novamente.


3 - Delícias Perpetuamente

Com o coração cheio de motivações novas, nasce a certeza que essa alegria não vai mais sair do coração, pelo contrário, será renovada ao longo da existência, afinal é possível enxergar que o futuro é ao lado de Deus, que tudo conhece e dará certamente o que é o melhor, pois sua essência é o amor.


Concluo com a certeza que podemos transformar o que hoje angustia o coração com a convicção desse amor supremo, sobrenatural e infinito que vem de Deus.

“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele”. I João 4:16


 

Keila Dias Zarzur Frassei

Psicóloga e Orientadora do Programa de Psicologia Institucional Mackenzie

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