Diante das inúmeras dificuldades enfrentadas por gestores educacionais durante o ano, a ideia de ampliar os negócios tornou-se insegura. Por isso, Claudinei Franzini, diretor de expansão da Rede Batista de Educação, nos explica um pouco mais sobre as dificuldades e soluções encontradas por essas instituições no contexto atual.
O mercado tem enfrentado diversas dificuldades econômicas, seja por causa da gestão pública, desastres naturais ou até mesmo devido a acontecimentos fatídicos que ficarão marcados na história do país e do mundo – como é o caso da pandemia de COVID-19.
Quando trazemos para discussão as instituições escolares, sobretudo cristãs, podemos refletir a respeito dos métodos utilizados pelos gestores educacionais que possuem a intenção de arriscar novos ambientes, ampliando suas vertentes. Dessa maneira, surge o seguinte questionamento: Quais desafios uma escola cristã pode enfrentar para expandir de forma saudável no contexto atual?
A fim de nos direcionar aos caminhos de uma boa resposta, o Diretor de Expansão da Rede Batista de Educação, Claudinei Franzini, respondeu algumas importantes indagações a respeito do assunto.
O AMBIENTE COMPETITIVO
É preciso levar em consideração que nas atuais circunstâncias, a maioria das escolas cristãs são formadas por redes denominacionais, isto é, que seguem uma mesma denominação cristã. Ocorre, portanto, um aumento gradativo de escolas confessionais no país, demonstrando que a competitividade se apresenta de maneira significativa nesse mercado. Segundo o site Prospecta Educacional (2020), hoje, o Brasil soma mais de mil instituições de ensino confessional de matriz evangélica, dentre elas: colégios, faculdades e universidades.
Dessa maneira, é evidente que toda escola cristã, como empresa que visa um futuro próspero e saudável, possui interesses em ampliar seus horizontes no mercado. Todavia, antes mesmo de iniciar um processo de expansão, é necessário que a instituição se dedique à uma pesquisa sobre o ambiente que deseja explorar.
Segundo Claudinei Franzini, é preciso que essa escola seja desejável pelas pessoas e pelos bairros a serem alcançados, além de rentável, já que a lucratividade é essencial para os negócios: “Uma escola com baixa lucratividade ou que opera com prejuízo, deverá primeiro sanear suas contas e somente depois disso partir para a expansão”.
Para além da expansão, como todo mercado de trabalho que enfrenta dificuldades anualmente, cabe aos institutos e escolas confessionais refletir a respeito do investimento da própria sustentabilidade financeira e pedagógica. Muitas dessas escolas, por exemplo, não estavam preparadas economicamente para o período pandêmico de COVID-19, pois não obtinham o que Franzini chama aqui de “colchão financeiro”, isto é, uma quantia poupada pela gestão escolar para momentos de crise – tal como o da pandemia.
Logo, não existe segredo algum para a sustentabilidade financeira de uma escola confessional, basta seguir a receita básica de qualquer mercado financeiro, em que os gastos sejam menores que o lucro. Deste modo, o diretor reitera ainda que: “Todas as providências – como a captação de novos estudantes, investimentos em comunicação, equipe, gastos fixos e variáveis, retirada dos sócios, etc – devem seguir esse princípio”.
UNIÃO ENTRE AS REDES DE ENSINO
Como ressaltado, o interesse de expansão das escolas confessionais está cada vez mais ocupando espaço no mercado. Com isso, as instituições de apenas uma unidade encontram dificuldades maiores do que as redes integradas para expandir – ou até mesmo são impossibilitadas de ampliar seus negócios.
Franzini afirma que a integração ou a união entre escolas confessionais para formar redes pode vir a se tornar uma boa opção, sua visibilidade positiva com o público e a consolidação em seu meio aumenta gradativamente as chances dessas instituições crescerem juntas no mercado que estão inseridas.
No entanto, o diretor também reitera que é preciso salientar a mudança que essa escola se propõe a sofrer, visto que ao integrar-se numa rede já consolidada, consequentemente, mudanças terão de ocorrer: “Mas não devemos ter a ilusão de que tudo continuará da mesma forma, pois ao se integrar a uma rede, a escola perde a sua identidade, passando a ter a identidade da rede; deixará de ter gestão própria, sendo gerida pela rede, a pedagogia passará a ser da rede e assim por diante.”. Essa alteração nem sempre é bem vista aos olhos da direção, a qual, inclusive, também poderá ser modificada.
Apesar dos contras, existem muitos benefícios nessa integração de unidades escolares em grandes redes que também devem ser colocados em questão. Ainda que as culturas se diferenciam e mudanças relevantes sejam exigidas, Claudinei Franzini também confirma que a instituição ganha forças para enfrentar as grandes problemáticas que estão por vir, tanto no mercado financeiro como na sociedade como um todo.
As tomadas de decisões, sob essa perspectiva, serão simultâneas, bem como as dificuldades econômicas que também tendem a ser enfrentadas em conjunto – a lucratividade de algumas instituições compensam as que enfrentam períodos mais delicados. Para Franzine, essa união realmente pode vir a apresentar diversas vantagens: “[...] a gestão operacional concentrada reduz os custos totais; há maior força política; há melhor negociação com fornecedores; maior potência na comunicação e captação; enfim, maior rentabilidade para operar e crescer”.
"A gestão operacional concentrada reduz os custos totais, (...) enfim, tem maior rentabilidade para operar e crescer."
Claudinei Franzine
OS VALORES DE UMA EDUCAÇÃO CONFESSIONAL
Quando levamos em consideração as unidades autônomas, Claudinei Franzini explica que existem muitas escolas e institutos que atuam e foram criadas de maneira independentes. Essas, têm finalidade de investimento e se dão bem no atual mercado, pois acreditam vividamente na educação cristã e nos valores que ela pode oferecer aos jovens estudantes.
Todavia, o diretor também explica que essa atuação de investimento capital voltado à educação confessional não é tão comum. Esse desacordo está voltado às responsabilidades específicas que a educação cristã exige, sendo elas:
• inclusão social;
• distribuição de bolsas de estudos;
• princípios e valores cristãos e da qualidade educacional.
Tais características são tomadas como indispensáveis para o meio e devem permanecer acima do lucro, sempre. Cabe-nos refletir, portanto, que por este motivo o interesse em investir nas redes de escolas cristãs com mantenedoras particulares não confessionais é um tanto quanto dificultado, ou até mesmo indesejado.
MÚLTIPLOS FATORES
Logo, podemos concluir que múltiplos fatores estão relacionados neste mercado que as escolas confessionais são inseridas – desde a gestão financeira até os valores cristãos e filosóficos de cada entidade. Por este motivo, se adentrar ao mercado que ronda as escolas cristãs é de suma importância para esses gestores, principalmente aos que lideram pequenas unidades.
Infelizmente, não podemos nos certificar quais dificuldades temos de enfrentar no decorrer dos anos em nosso país. Então, nos resta explorar o terreno que estamos pisando para que, ao menos, estejamos preparados para as surpresas do futuro.
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