Levando em consideração os desafios que perpassam as finanças das famílias brasileiras, aprenda, nesse artigo do colunista Eduardo Melo, como mensurar os riscos e, por conseguinte, evitar a inadimplência no ambiente escolar.
Hoje falaremos sobre um tema que aflige 10 em 10 gestores de colégios: a inadimplência. Nos aprofundando um pouco sobre as origens desse problema, encontramos os desafios enfrentados por muitas famílias brasileiras na atualidade: desemprego, redução da renda familiar e aumento do custo de vida nos médios e grandes centros urbanos.
Apesar da educação dos filhos e netos ser uma das prioridades das famílias brasileiras, ela representa um percentual relevante do orçamento familiar e, por isso, é comumente afetada nesse cenário desafiador.
Como essa realidade afeta os colégios e quais ações podem ser realizadas pelo gestor para que o risco de inadimplência seja reduzido?
MENSURANDO A INADIMPLÊNCIA
Em primeiro lugar, “O que não se mede, não se gerencia.” Esse ensinamento de W. Edwards Deming, referência em gestão da qualidade e um dos responsáveis pelos enormes avanços da indústria japonesa no século passado, é o primeiro passo para quem deseja reduzir a inadimplência de sua instituição. Um exemplo de indicador muito útil que pode servir como base para esse monitoramento é o Índice de Atraso Geral (IAG).
IAG é a soma dos títulos vencidos, dividida pelo total de contas a receber e multiplicada por 100. Esse cálculo trará um valor percentual que indicará a fração das suas contas a receber que está em atraso.
IAG = (TÍTULOS VENCIDOS/TOTAL DE CONTAS A RECEBER) X 100
Através do IAG, você conseguirá monitorar a evolução da inadimplência geral na sua instituição e entender se ela está aumentando ou diminuindo ao longo do tempo.
REDUZINDO A INADIMPLÊNCIA
Dito isso, seguem dicas que podem, se implementadas corretamente, contribuir para a redução da inadimplência em sua escola:
1) Oferecer descontos para a antecipação de pagamento: seja um desconto para o pagamento da mensalidade no início do mês (ex: até o dia 5) ou para a quitação das mensalidades do ano inteiro, essa ação pode estimular os familiares a priorizarem o pagamento da escola, reduzindo a inadimplência. Lembrando que a comunicação é fundamental: os pais precisam ser comunicados sobre a condição especial e estimulados a usufruírem do desconto.
2) Oferecer o cartão de crédito como uma opção de pagamento: apesar do colégio ter que arcar com as taxas embutidas nessa transação (normalmente entre 3% e 5%), qualquer atraso no pagamento passa a ser um problema a ser resolvido entre o cliente e a operadora de cartão de crédito. O colégio recebe normalmente o valor e tem o seu fluxo financeiro previsto respeitado.
3) Oferecer o pagamento recorrente via cartão de débito como uma opção de pagamento: muitos pais evitam pagar as mensalidades via cartão de crédito para não comprometerem os seus limites. Uma alternativa que resolve esse cenário é o pagamento recorrente via cartão de débito. Algumas academias e redes de idiomas já utilizam com sucesso esse formato: os valores são debitados mensalmente e automaticamente da conta do cliente, sem que haja a necessidade de bloqueios de limites de crédito
4) Implementar multas relevantes para os inadimplentes: de forma geral, a multa pelo atraso no pagamento do boleto deve ser relevante a ponto de evitar inadimplências desnecessárias (quando o cliente tem condições de pagar, mas não o faz por falta de planejamento, dificuldades operacionais, etc). Um ponto importante: reflitam bastante antes de dar uma segunda chance ao cliente, reemitindo um novo boleto ou abonando a multa. Esse tipo de atitude, muito comum em escolas tradicionais, pode estimular o relaxamento dos clientes e tende, no final das contas, a aumentar os índices gerais de inadimplência.
5) Contratar uma empresa de cobrança profissional: ao terceirizar e profissionalizar o processo de negociação de dívidas, o colégio demonstra que a gestão está afiada e que o cliente terá menos espaço para “jeitinhos”. Crie uma escala clara e oficial de benefícios (x% de desconto se quitar tudo até o dia y; z% de desconto se quitar tudo até o dia h). Mesmo com o benefício, o cliente precisa pagar mais do que o normal, de forma a evitar a ocorrência desse cenário - e uma agenda de ligação para negociação.
6) Negociação com fornecedores: por fim, tente negociar com fornecedores a possibilidade de redução de custos a serem repassados para os pais. Livros, apostilas, uniformes, agendas e materiais diversos são exemplos de gastos que impactam o orçamento da família e podem ampliar os atrasos no pagamento. Tente reduzir esses custos extras a serem arcados pelos clientes, de forma a reduzir os índices gerais de inadimplência.
Esse artigo não se propõe a esgotar o assunto, mas compartilhar algumas práticas que possam ajudá-los na redução dos índices de inadimplência em sua instituição.
Espero que tenham gostado, que consigam aplicar e obter resultados positivos em suas instituições.
“Reflitam bastante antes de dar uma segunda chance ao cliente”
Eduardo Melo
Gerente de Polos EAD da Unigranrio, é Engenheiro de Produção pela UFRJ e formado em finanças pelo COPPEAD-UFRJ. Aplica técnicas de gestão ágil e enxuta para a transformação competitiva de instituições educacionais.
edferreira@gmail.com / (21) 99381-5460 (Whatsapp)
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